Não deixem de ler um ótimo texto do site do jornal francês “Le Monde” sobre a exposição “Retratos e Poder”, na Strozzina, ala dedicada a arte contemporânea do Palácio Strozzi, em Florença (clique aqui). Nele, o colunista Marc Lenot fala sobre a impotência dos fotógrafos de capturar a essência do poder em seus retratos de líderes mundiais. É uma visão perspicaz de como, incapazes de transpor a barreira do protocolo e revelar algo além do óbvio sobre figuras como Margareth Thatcher ou a rainha Elizabeth (ou seja, o fato de que são pessoas poderosas), os fotógrafos se tornam instrumentos do sistema na cristalização da imagem desses vultos.
Vale a pena ler até os comentários feitos ao texto por leitores da coluna, e as tréplicas de Lenot. Sobre o retrato feito por Annie Leibowitz da rainha Elizabeth 2a (acima), cuja sessão foi registrada em um vídeo que faz parte da mostra, ele aponta:
“Leibowitz não passa de uma ‘funcionária’ de um sistema superior a ela. No vídeo, uma das secretárias da rainha informa que Elizabeth deve aprovar todos os retratos antes de serem divulgados. E Leibowitz pergunta: ‘Então, ela gostou?’. E a secretária, num estilo muito britânico, responde: ‘Não é questão de ela gostar ou não. A rainha simplesmente aprova ou não, sem emitir opinião'”.
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A exposição “Retratos e Poder” (“Portraits and Power — People, Politics and Structures”) fica em cartaz na Strozzina, em Florença, até o dia 23 de janeiro. A mostra reúne trabalhos em foto e vídeo de Tina Barney, Hiroshi Sugimoto, Christoph Brech, Annie Leibowitz, Helmut Newton, The Yes Men e outros artistas.
Mais informações no site da galeria Strozzina.