Archive for the ‘arte e exposições’ Category

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Salon-style

January 27, 2011

Vejam só que ironia. Reparo que, para dar conta da imensa quantidade de obras de arte que possuía em seu acervo, Edemar Cid Ferreira, ex-proprietário do Banco Santos, optou por exibi-las numa composição conhecida por “accrochage à la russe” ou “salon-style”. E o “salão” do nome é uma referência às mostras de arte públicas que aconteciam em Paris, desde o século 17. De 1748 a 1890, os salões foram o maior evento de arte do Ocidente. Um evento público, patrocinado pelo Estado (até 1881). E a forma de exibição, com quadros que ocupavam as paredes de lado a lado, do chão ao teto, visava tornar público o maior número possível de obras. Foram esses salões, com suas gazetas, que criaram a crítica de arte como conhecemos hoje.

Pois bem. A ironia consiste no fato de que o mesmo sistema que um dia foi usado para tornar o maior número de obras acessível ao público, serviu para Edemar “esconder” seu acervo, avaliado entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões. Ainda não se sabe que destino serão dados à casa e às obras do banqueiro.

Veja no UOL fotos de obras no acervo de Edemar

Leia na Folha reportagem sobre a desapropriação da casa

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Poder e não poder

December 22, 2010

Não deixem de ler um ótimo texto do site do jornal francês “Le Monde” sobre a exposição “Retratos e Poder”, na Strozzina, ala dedicada a arte contemporânea do Palácio Strozzi, em Florença (clique aqui). Nele, o colunista Marc Lenot fala sobre a impotência dos fotógrafos de capturar a essência do poder em seus retratos de líderes mundiais. É uma visão perspicaz de como, incapazes de transpor a barreira do protocolo e revelar algo além do óbvio sobre figuras como Margareth Thatcher ou a rainha Elizabeth (ou seja, o fato de que são pessoas poderosas), os fotógrafos se tornam instrumentos do sistema na cristalização da imagem desses vultos.
Vale a pena ler até os comentários feitos ao texto por leitores da coluna, e as tréplicas de Lenot. Sobre o retrato feito por Annie Leibowitz da rainha Elizabeth 2a (acima), cuja sessão foi registrada em um vídeo que faz parte da mostra, ele aponta:

“Leibowitz não passa de uma ‘funcionária’ de um sistema superior a ela. No vídeo, uma das secretárias da rainha informa que Elizabeth deve aprovar todos os retratos antes de serem divulgados. E Leibowitz pergunta: ‘Então, ela gostou?’. E a secretária, num estilo muito britânico, responde: ‘Não é questão de ela gostar ou não. A rainha simplesmente aprova ou não, sem emitir opinião'”.

***
A exposição “Retratos e Poder” (“Portraits and Power — People, Politics and Structures”) fica em cartaz na Strozzina, em Florença, até o dia 23 de janeiro. A mostra reúne trabalhos em foto e vídeo de Tina Barney, Hiroshi Sugimoto, Christoph Brech, Annie Leibowitz, Helmut Newton, The Yes Men e outros artistas.

Mais informações no site da galeria Strozzina.

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3 pianos em SP

September 28, 2010

Três pianos são destaque de importantes exposições de artes plásticas em São Paulo — o explosivo “Concerto para Anarquia” de Rebecca Horn, no Centro Cultural Banco do Brasil; “Metade da Fala no Chão”, de Tatiana Blass, na 29ª Bienal, e o vaporoso “Choro” de Laura Vinci, na 5ª Paralela. E esta é a última semana em que o público paulistano terá a oportunidade de ver esses pianos reunidos na cidade, já que a retrospectiva de Horn se despede da capital paulista — e do Brasil — no dia 3 de outubro. As obras levam ao limite a noção que se tem do instrumento, sua funcionalidade e integridade física: Horn o “eviscera”, Blass o imobiliza e Vinci o envolve em névoa. (Leia a reportagem completa no UOL)

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Urubus e outros bichos

September 25, 2010

Tem Bienal até 12 de dezembro. Assista no UOL à reportagem sobre o evento. (Clique aqui)

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Arte paralela

September 20, 2010

A mostra de arte Paralela 2010 reúne, a partir da próxima quarta-feira (22) em São Paulo, trabalhos de 82 artistas contemporâneos no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Nesta sua 5ª edição, a mostra que tradicionalmente acontece ao mesmo tempo que a Bienal Internacional de Arte de São Paulo tem curadoria de Paulo Reis. (Leia reportagem completa no UOL)

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Don Juan das formas

September 13, 2010

“Eu acredito na História,
é o que me dá noção da origem.”
(*)
(Arkadin d’y Saint Amèr)

Morreu em São Paulo, no último domingo (12), o artista plástico Wesley Duke Lee, aos 78 anos, vítima de complicações de saúde decorrentes do Mal de Alzheimer. Um iconoclasta e precursor de movimentos de vanguarda no país, Wesley utilizou em seu trabalho variadas técnicas e meios, como têmpera, colagens, computação gráfica, pintura a óleo, colagens e performance —para criar um estilo imediatamente reconhecível, que flertava com a arte pop e o dadaísmo.

Wesley foi um dos precursores das artes performáticas no Brasil, e em 1963, realizou aquele que é considerado o primeiro happening no país, “O Grande Espetáculo das Artes”. Ao lado de Geraldo de Barros e Nelson Leirner fundou em São Paulo, no final dos anos 60, a Rex Gallery & Sons, usina da arte conceitual que pretendia ser um local de exposições alternativo às galerias e museus da cidade. Wesley atraiu para o local uma geração de novos artistas, entre eles Carlos Fajardo, Paulo Baravelli e José Resende, seus alunos.

É desse período a obra de Wesley que estará exposta na 29a Bienal Internacional de Arte de São Paulo, o tríptico “O Guardião, A Guarda, As Circunstâncias” (abaixo), de 1966.

Sua última série de trabalhos, “É do Filho”, data do final dos anos 90.

O QUE DIZIAM…
Em 1979, por ocasião do lançamento de seu livro “Minha Viagem à Grécia no Helicóptero de Leonardo da Vinci” (Editora Praxis), chamado por Wesley de “um ensaio filosófico e visual”, o crítico José Osvaldo de Meira Penna escreveu sobre o artista:

“Wesley é um intuitivo. (…) Como intuitivo extrovertido, revela-se profundamente brasileiro. Diríamos que ele se apresenta como um Don Juan das formas, um eterno perseguidor da imagem ideal, um apaixonado amante da beleza à qual não pode corresponder nenhum quadro realizável, nem nenhuma outra forma concreta, atual.” (Suplemento Cultura – O Estado de São Paulo, 15/04/1979)

E Pietro Maria Bardi (1900-1999), então diretor do Masp, escreveu na introdução do livro:

“Wesley se aproximou dos intricados problemas que a eterna descontente Filosofia vem acumulando, para apresentar uma sua interpretação, se não do Ciclo do Mundo, do Ciclo da Humanidade, sub-espécie das suas vicissitudes individuais.”

O QUE ELE DIZIA…
Em vídeo publicado na Internet pela fundação Itaú Cultural, o artista declara:

“Sou um artesão de ilusões. O que realmente me interessa é a qualidade da ilusão. Se você conseguir atravessar o espelho e tiver a coragem de olhar para trás, você não vai ver nada.” (Enciclopédia Itaú Cultural Artes Visuais) [clique para assistir]

(*) Como epígrafe de “Minha Viagem à Grécia no Helicóptero de Leonardo da Vinci” —uma caixa em tiragem limitada de 2.000 exemplares que contém um livreto e 36 pranchas impressas em papel vergê—, Wesley escolheu esse dito de seu alterego Arkadin d’y Saint Amèr. A ironia da atitude e a formulação são emblemáticas de uma das grandes questões do artista: sua preocupação com o papel da história e da tradição na arte contemporânea.

Veja também:
“Wesley Duke Lee, um salmão na corrente taciturna”
, monografia sobre a vida e obra do artista
Pequena biografia do artista
História da Rex Gallery & Sons
Wesley Duke Lee morre aos 78 anos em São Paulo

[Exceto onde indicado, as ilustrações desta página são fotografias do livro “Minha Viagem à Grécia no Helicóptero de Leonardo da Vinci”]

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Homônimos da arte

August 16, 2010

E a “moda” dos artistas plásticos homônimos de músicos? Tem o Nick Cave, aquele dos “Soundsuits“, artista americano homônimo do cantor australiano. Existe também um homônimo do cantor inglês fundador do Genesis, o videoartista e fotógrafo Phil Collins, também inglês, que participa da Bienal de Berlim 2010. Na Bienal de São Paulo tem o Steve McQueen, cineasta (“Hunger”, 2008) e videoartista homônimo do ator americano. Entre os brasileiros, a moda ainda não pegou (a Mabe Betônico não conta)…

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Pintura corporal

April 8, 2010

Esse é o trabalho da artista americana Alexa Meade, que passa tinta sobre o corpo de pessoas para que elas pareçam pinturas. As cenas são cuidadosamente montadas com objetos também besuntados de tinta e fotografadas, para que tudo pareça uma imagem pintada. As cenas também ficam em exibição ao vivo, em eventos, na galeria.

“Eu pinto retratos diretamente sobre as pessoas que estou representando. Os modelos se transformam em uma corporificação da interpretação artística de sua essência. Quando registradas em filme, os seres vivos, que respiram e estão por baixo da pintura, desaparecem, ofucascados pela máscara de si mesmo”, teoriza a artista. (Leia mais aqui)

Faz-me lembrar o conto “Del Rigor en la Ciencia”, de Borges, que fala sobre um mapa que era tão extenso quanto o próprio território mapeado –citado por Baudrillard em “Simulacros e Simulações” (1981).

Traduzo, livremente, a seguir, o conto que tem apenas um parágrafo:

Do Rigor na Ciência

Naquele Império, a Arte da Cartografia atingiu tal Perfeição que o Mapa de uma única Província ocupava uma Cidade inteira, e o Mapa do Império, uma Província toda. Com o tempo, esses Mapas Desmedidos deixaram de satisfazer, e os Colegiados de Cartógrafos levantaram um Mapa do Império que tinha o mesmo Tamanho do Império, e coincidia pontualmente com ele. Menos afeitas ao Estudo da Cartografia, as Gerações Seguintes entenderam que esse Mapa dilatado era Inútil e não sem Impiedade o entregaram às Inclemências do Sol e dos Invernos. Nos Desertos do Oeste, perduram despedaçadas Ruínas desse Mapa, habitadas por Animais e por Mendigos; não há no País todo outra Relíquia das Disciplinas Geográficas.

Suárez Miranda: Viajens de Varões prudentes,
livro quarto, cap. XLV, Lérida, 1658.

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Lo-Fi KiButz

August 27, 2009

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Acontece na galeria polinesia (com letra minúscula e sem acento), até o dia 26 de setembro, a exposição Lo-Fi KiButz, que reúne 12 artistas que produziram obras especialmente para o evento, em encontros promovidos pela galeria durante o mês de agosto. Participam da exposição Adriano Costa, Ana Mazzei, Antonio Farinaci, Carlos Issa, Cesar Trinca, Fabio Gurjão, Fernando Marques Penteado, Hugo Frasa, John Gall, Marcos Brias, Pedro Caetano e Tomas Malvicino. O vernissage é nesta quinta (27). Abaixo, uma página de “Bestiaaryo”, de Renata Castanho (alcunha da dupla Brias-Farinaci). Clique sobre a imagem para fazer o download do caderno completo (em “.pdf”).

Divulgação

Clique na imagem para baixar um "Bestiaaryo"

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Mais luz…

July 12, 2009

Depois do post anterior, sobre o quadro de Ribera leiloado na Sotheby’s, em Londres, tive muitos pensamentos sobre luz. Sobre escuridão e sombra. Consultei Clemente Hungria, pesquisador de arte, que me deu uma aula sobre o assunto e provou porque ele é a pessoa que se deve sempre consultar nesses assuntos. Luz na pintura, no Renascimento, no Barroco, em Caravaggio e no Tenebrismo. Para quem quiser acompanhar essa viagem, transcrevo abaixo o que me disse Clemente.

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Detalhe de "Deposição da Cruz", Pontormo

Detalhe de "Deposição da Cruz", Pontormo

O Renascimento (séculos 14 a 17) é classificado bobamente como a “geometria da luz”. Não havia sombra. Quando havia, era cinza ou apenas inserida pra dar volume e espacializar corpos e sólidos. No século 17, a teologia e os pensadores da Igreja pensavam a luz de outra forma. Com Caravaggio, a sombra passou a ser presente e real. A teologia mudou, era a Contra-Reforma, a Inquisição.

Caravaggio afirmou o realismo, antes o privilégio era do idealismo.

Ele era do final do século 16 e veio do ambiente do Maneirismo –de Michelangelo, Greco, Pontormo, Tintoretto, Vasari, Becafumi, cores exóticas, de tafetá, azul turquesa, esverdeado, amarelo alaranjado, rosa pêssego, cores do sublime.

Caravaggio morreu em 1610, moço, com menos de 40 anos, pode ser que o trabalho ainda evoluísse muito. Em pouco tempo, ele mudou consideravelmente, mas sempre teve as características marcantes que o destacaram desde o começo. No final da vida, a evolução foi drástica e importante.

A sombra com Caravaggio tem o mesmo peso da luz. Elas são personagens, antes eram complementos. A escuridão existe em contraposição à luz e o jogo das duas desenha as formas. Elas têm um peso conceitual.

A principal conquista de Caravaggio foi com relação ao espaço, por isso ele pintou aquela luz e aquela sombra. Para abolir o espaço, geométrico no Renascimento, ele “inventou” aquela luz, que não é nada mais do que a observação da luz (de velas) real. Antes não se pintava isso.

"David", Caravaggio

"David", Caravaggio

O Tenebrismo é um termo que se aplica especificamente a alguns pintores espanhóis influenciados por Caravaggio. Ribera, grande pintor espanhol também influenciado por Caravaggio, foi para a Itália, onde ficou muito famoso, e o termo foi usado lá, respingando de volta em Caravaggio, mas posteriormente a ele.

O termo Tenebrismo foi usado no século 17 e depois, mas em sentido espanhol, que tem um componente místico-religioso da sombra e da visão espanhola pós-caravaggesca de morte e mortificação, do sobrenatural.

O Barroco vem de longe e não nasceu num dia certo. A sua semente mais clara estaria no que se chama Maneirismo, uma visão de mundo nova. O Barroco estaria no desequilíbrio das idéias maneiristas. Uma corrente do Barroco era a “Clássica”: escola de Roma e Bologna, da qual faz parte Carracci, por exemplo. Ela se baseia no movimento da composição, corpos idealizados, baseados no ideal clássico da estatuária grega e principalmente romana que estavam sendo desenterradas e valorizadas.

"Vênus Embriagada por Sátiro", Carraci

"Vênus Embriagada por Sátiro", Carracci

"Prometeu", Ribera

"Prometeu", Ribera

Caravaggio é a outra corrente desse primeiro Barroco. Rigorosamente, não há outro pintor como ele. Caravaggio era o contraste dialético e ambivalente entre os opostos, mas baseado no realismo, na observação do real. Os pilares de Caravaggio são o realismo e o tratamento do espaço. Tentam definir Caravaggio até hoje. E ele é, como só poderia ser um grande barroco, indefinível. Um dos maiores estudiosos de Caravaggio, que o revelou e recuperou para nós, foi o italiano Roberto Longhi (1890-1970). Antes, ele era considerado cafona.

A influência de Caravaggio chegou à Espanha com as cortes cultas e colecionadores. Pacheco, que era professor de Velázquez em Sevilla, conhecia Caravaggio por meio de descrições e gravuras que circulavam.

Logo correu a fama do pintor da nova maneira, da novidade. Velázquez já fazia caravaggismo antes de ver os verdadeiros quadros, pessoalmente, na Itália, muito tempo depois. Ele já tinha entendido a idéia e a repetia (depois ele foi por outros caminhos). A fama de Caravaggio foi imensa, vertiginosa e rápida, até o Papa era fã, e o caravaggismo existiu na Europa interia, em países do norte, na Espanha, Itália, França etc…

"São Francisco em Meditação", Zurbarán

"São Francisco em Meditação", Zurbarán

O Tenebrismo é uma corrente do Barroco espanhol influenciada por Caravaggio. O termo é usado para seus grandes expoentes, como o Ribera, que andava pela Itália, e acabou fazendo com que o estilo se espalhasse e o termo fosse usado também para alguns italianos. Porque Ribera faz parte da tradição da pintura espanhola, pelo ambiente e matriz, e da italiana, pela geografia, pois ele viveu lá e influenciou os pintores italianos que já faziam caravaggismo. Com ele, o Tenebrismo chegou na Itália pós-Caravaggio. Mas o estilo também foi praticado na América Espanhola por causa de Zurbarán. É mais fácil achar o Tenebrismo analisando cada obra dos pintores, do que pensar nele como um estilo. Como o Impressionismo, que existia muito antes do século 19, “inventado” pelo Ticiano.

Para simplificar, alguns críticos chamam toda pintura barroca e seus descendentes de claro-escuro. Mas, muito mais do que isso, o claro-escuro existe em toda a história da pintura. Ele está em toda pintura em que a luz e a sombra são importantes. Mas não há claro-escuro, por exemplo, em Kiefer.

O Tenebrismo tem claro-escuro, como outros estilos, mas é mais que claro-escuro, e nem todo claro-escuro é tenebrista. No Tenebrismo, o peso da sombra e do negro impera na pintura. A escuridão é uma presença pesada, não só da sombra. Em geral, numa comparação entre Ribera e Caravaggio, o primeiro pode ter uma palheta mais negra, mas o segundo é mais quente, embora possa haver exceções. A diferença é conceitual, no que cada um pensava.

Imagem: Reprodução

"São Jerônimo", Michelangelo Merisi da Caravaggio (1606)

O que importa, nesse “São Jerônimo”, para Caravaggio, é o espaço, e para Ribera é a luz. Em que espaço está o “São Jeronimo” de Caravaggio? Nenhum. O espaço é abolido, os corpos flutuam.

O “São Jerônimo” de Ribera é definido por planos imediatamente compreensíveis. Em Caravaggio, o espaço é abstrato, em contraste com a figura, e o tratamento pictórico é realista, pela luz. Na composição de Caravaggio, há as pregas da pele do velho, as pregas dos panos branco e vermelho, esses dois rios que serpenteiam entre luz e sombra. Há só três cores: vermelho, branco e cor de pele-e-osso. O preto não é cor, é uma idéia, um não-espaço, é o silencio.

E há outras sutilezas. A caveira não brilha, mas faz “eco” com a careca do santo, de quem não se vêem os olhos. Ribera nunca chegou a tanto, mesmo em seu “Prometeu” (que foi leiloado na Sothebys), onde o negro ocupa 80% da tela, mas não é conceitual. Essa seria a diferença entre o Tenebrismo e Caravaggio.

"São Jerônimo", de Ribera (1613)

"São Jerônimo", Jusepe de Ribera (1613)