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Lonely Drifter Karen, Isobel Campbell e Camille

May 5, 2008

Vários lançamentos chegam às lojas européias agora em maio. Não se sabe quando ou se saem no Brasil, mas a gente não liga, porque já estão todos mesmo na Web. Um deles, é o primeiro disco da cantora e compositora austríaca Tanja Frinton, com sua banda o Lonely Drifter Karen. Para os junkies do amor, tem o segundo álbum da ex-Belle & Sebastian Isobel Campbell em parceria com Mark Lanegan, ex-vocalista do Screaming Trees e integrante ocasional do Queens of the Stone Age. E tem também o disco novo da francesa Camille, ex-Nouvelle Vague, o primeiro dela em inglês. Corre já pro Soulseek!!

LONELY DRIFTER KAREN – “Grass Is Singing”
Mistura de psicodelismo, cabaré e folk, Lonely Drifter Karen é um trio liderado pela cantora e compositora austríaca Tanja Frinton e que conta também com o namorado dela, o pianista espanhol Marc Meliá, e o percussionista italiano Giorgio Menossi. Radicado em Barcelona, o grupo tem o seu nome tirado de um dos personagens do filme “Os Idiotas” (“Idioterne”, 1998), de Lars Von Trier. A referência ao cineasta dinamarquês, no entanto, pára por aí. A música da banda é leve e espirituosa, quase infantil. Mas isso não quer dizer simplória ou banal. Os arranjos são sofisticados, de uma sofisticação que faz lembrar as trilhas sonoras antigas de Walt Disney –afinal Tanja é fã de Mary Poppins. As letras (em inglês) contam histórias sobre personagens quase sempre absurdos saídos da imaginação da cantora, como o inventor que se apaixona por um palhaço de circo ou a grama cantora que dá nome ao disco. Os destaques do repertório deste grupo surpreendente são a bela “Casablanca”, a melancólica “Professor Dragon” e a amalucada “This World Is Crazy”. No site da banda dá pra ouvir faixas e baixar “Some Summer Days”, que não está no disco.

ISOBEL CAMPBELL e MARK LANEGAN – “Sunday at Devil Dirt”
Campbell é ex-integrante do Belle & Sebastian e Lanegan é mais conhecido por ter sido vocalista do grupo grunge Screaming Trees (e de fazer participações esporádicas no Queens of the Stone Age). O encontro da voz etérea e suspirada dela com a dele, roufenha e sombria, deu tão certo no primeiro disco que os dois fizeram juntos em 2006 (“Ballad of the Broken Seas”), que eles resolveram repetir a dose. O repertório traz blues e baladas folk, com letras que falam sobre amores de perdição e sobre o amor pela perdição. Os arranjos variam de densidade e instrumentação, mas mantêm uma certa atmosfera de anos 60, e reforçam a sensualidade perversa dos vocais que remete a Nancy Sinatra e Lee Hazlewood ou até a Serge Gainsbourg e Jane Birkin. Mas com uma diferença. Nestes duetos à parte feminina coube mais do que ser “apenas” voz. Além de cantar, Campbell é a compositora e produtora de todas as faixas. Uma coleção de novos clássicos do romantismo torto. Destaque para “Come On Over (Turn me On)”, “Trouble” e “Who Built the Road”.

CAMILLE – “Music Hole”
Terceiro disco da cantora francesa Camille, que ficou conhecia como uma das vocalistas do primeiro disco do conjunto de bossa pop Nouvelle Vague. Se no grupo Camille comparecia apenas como voz a serviço de covers (em quatro das melhores faixas, diga-se), em sua carreira solo ela vem também como compositora de canções feitas sob encomenda para exibir seu arsenal de possibilidades vocais, pelas quais a cantora é freqüentemente comparada a Björk. Pode-se dizer que Camille é uma espécie de cruzamento de Björk com Bob McFerrin. Como a primeira, ela se propõe a desconstruir as canções; como o segundo, ela também tem a mania irritante de imitar instrumentos com a voz e fazer um arranjo inteiro baseado nisso. Os melhores momentos do disco são aqueles em que ela canta sem se preocupar em fazer de sua estranheza sua única afirmação. Destaque para “Kfir”. (Duas músicas do disco já estão no MySpace)